Câmara de Vereadores: Quando o discurso se transforma em um lugar de ódio.
Houve tempo, aqui, em nosso município, que os adversários políticos não passavam de simples adversários. Não raras vezes, eram amigos, vizinhos ou colegas do cenário politico e de partidos. Alguns, famosos, velhos conhecidos eram até compadres. Disputavam o mesmo colégio eleitoral, derramavam-se em discursos sectários, faziam oposição ferrenha, mas deixavam a porta aberta ao bom diálogo… É claro que havia exceções.
Depois do pleito eleitoral, realizado em outubro de 2016, onde o povo escolheu nas urnas o prefeito da cidade e os nove vereadores para os próximos quatro anos, a coisa anda mais braba ainda… E bote braba nisto. O bate-papo descontraído sobre política, tão comum em passado recente, entre oposição e situação na cidade, parece está com os dias contados, e se tornou um risco. As críticas construtivas estão dando lugar às agressões movidas pelo o sentimento de ódio.
Na Câmara Municipal de Vereadores, por exemplo, mínguem escuta ninguém… Cada um sabe ou quer saber mais do que o outro, ou se acha mais esperto do que outro. Ninguém sabe mais quem é de fato o líder do grupo, se quem deveria ser visivelmente é liderado.
O bate-papo descontraído, ou a simples troca de ideias, se não contar com ajuda de um mediador, corre o risco de terminar em ofensas mútuas com vem acontecendo. Quando não aos sopapos como disse a vereadora Francisca Galdino, mas conhecida como Francisca do Camarão ao afirmar “se precisar ir às tapas aqui… Agente vai!”. Nem a própria família dos que se dizem serem representantes do povo, não está livre dessa violência por alguns vereadores, seja na tribuna ou no tempo regimental.
Meu receio como cidadão do município e imprensa local, é de uma contaminação larga deste ódio que já é visível em alguns vereadores nos bastidores da casa do povo, e nas sessões ordinárias. Ódio este que venha afetar a própria base, ou seja, um racha político tectônico, uma divisão profunda e irremediável de um grupo que prega constantemente que estão unidos e são imbatíveis.
É fato público que a população do município vem sofrendo com esse ódio. Um ódio político capaz de romper barreiras éticas, profissionais e até humanas. É um sentimento inconcebível de aversão ao outro, às suas ideias, às suas convicções e reivindicações. De uma coisa não podemos jamais negar… Cada um há de pagar o seu quinhão pelas maldades cometidas contra outrem.
Cesar Carlos Gomes de Oliveira de 41 anos, residente no Conjunto Vingt Rosado em Mossoró, morreu queimado ontem na RN 118, em Ipanguaçu.
