Opinião: Ministro Edson Fachin lança a sucessão presidencial 2022

Opinião: Ministro Edson Fachin lança a sucessão presidencial 2022

Por César Santos

Se havia alguma dúvida de que o jogo da sucessão presidencial estava sendo jogado, agora não há mais. A decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), de anular as condenações de Lula e devolver os seus direitos políticos estabelece em definitivo a corrida pelo Palácio do Planalto.

Sem restrições, Lula torna-se elegível. Logo, o candidato do PT à Presidência da República para enfrentar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Pela decisão, ficam anuladas as condenações nos casos do triplex do Guarujá (SP), com pena de 8 anos e 10 meses de prisão, e do sítio em Atibaia, na qual Lula recebeu pena de 17 anos de prisão. Os processos deverão ser remetidos para a Justiça Federal em Brasília para nova análise do caso.

A decisão de Fachin, muito mais do que um olhar jurídico, é visto pela lupa eleitoral. Observe que a decisão tem caráter processual, uma vez que o ministro não analisou o mérito das condenações. Para os mais aguçados, o “caminho foi cortado” para permitir a elegibilidade do ex-presidente, visto como único nome capaz de disputar de igual para igual com o atual inquilino do Palácio Central.

Na Suprema Corte, os colegas de Fachin quererem acreditar que a sua a caneta foi preventiva para salvar o restante da Operação Lava Jato. O jornalista Guilherme Amado explica:

“Como a Segunda Turma do Supremo julgaria em breve se Sergio Moro foi ou não parcial ao julgar Lula, devido à sua entrada para o governo Bolsonaro em 2019, era forte a possibilidade de que os ministros entendessem que, se Moro era suspeito para julgar Lula por razões políticas, também o era perante todos os outros réus. Seria praticamente o fim da Lava Jato.”

Em melhor português, Edson Fachin sacrifica as condenações de Lula, que poderão ocorrer futuramente na Justiça Federal em Brasília, mas salva o restante da operação. Pode ser, mas há um porém: a condenação no caso do tríplex foi proferida pelo Sergio Moro; já no caso do sítio de Atibaia, Lula foi sentenciado pela juíza Gabriela Hardt. Sem suspeição.

O fato é que Edson Fachin, sem querer querendo, jogou gasolina na fogueira da sucessão, e as torcidas elevaram ainda mais a temperatura, antecipando a queda de braço eleitoral entre Bolsonaro e Lula. Desde as primeiras horas da tarde de ontem, quando a decisão foi anunciada, as redes sociais não debatem e brigam por outra coisa.

Curioso é que no fim de semana o jornal O Estado de S. Paulo publicou pesquisa que mediu o potencial de 10 possíveis candidatos nas eleições presenciais de 2022, e apenas Lula apareceu com mais aval político que Bolsonaro.

No levantamento realizado pelo Inteligência em Pesquisa e Consultoria (IPEC), novo instituto de pesquisas da estatística Márcia Cavallari (ex-Ibope), 50% dos entrevistados disseram que votariam sem dúvidas ou poderiam votar em Lula se ele se candidatasse mais uma vez à presidência. No entanto, 44% afirmaram que não o escolheriam de jeito nenhum.

Bolsonaro aparece com 12 pontos porcentuais a menos no potencial de voto (38%), e 12 a mais na rejeição (56%).

Portanto, no imaginário do eleitor brasileiro, Bolsonaro e Lula estarão frente a frente em 2022.

De resto, o registro que a decisão de Fachin chacoalhou com o País nesta segunda-feira, 8. A anulação das condenações de Lula fez a bolsa cair e o dólar subir, mexendo com um ambiente que já vinha nervoso nos últimos tempos.

Para desgraça do povo brasileiro.

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